09 fevereiro 2012

O Predador Inorgâncio da Consciência Humana

Coloco aqui, para conhecimento do leitor, um dos tópicos mais interessantes e controversos  que existem no xamanismo divulgado por Carlos Castaneda e Don Miguel Ruiz.







         Os humanos não são os únicos seres com mentes poderosas. Vinculados à humanidade existem seres invisíveis que também são um órgão da Terra. Eles compartilham o metabolismo da Terra, exatamente como os humanos o fazem. Esses seres formam um espectro que vai do benevolente ao prejudicial. Às vezes, possuem corpos humanos. Muitas tradições sabem da existência desses seres. Eles têm estado presentes, lado a lado à raça humana desde o início e têm sido chamados de “deuses” por vários povos. O destino desses seres e o dos humanos é muito próximo. Os Toltecas os chamam de Aliados.

         Os Aliados não têm um cérebro, o que significa que eles não têm uma usina para criar emoções, mas precisam da energia etérea das emoções para sustentar suas vidas. A relação deles com os seres humanos é semelhantes a
das pessoas com as vacas. Nós, como seres humanos, recebemos a energia da luz do Sol através do nosso alimento, o qual já é processado por outros seres vivos, tais como as plantas e os animais.
O nosso cérebro transforma a energia material na energia etérea das nossas emoções. A energia emocional fornece alimento para nossas próprias mentes e para os Aliados.
Os Aliados pressionam os humanos a criarem traumas com o objetivo de gerar medo, do qual eles se alimentam.
Para resistir a coerção dos Aliados, você precisa Ter consciência a respeito deles. Ainda hoje eles estão se alimentando das nossas emoções, portanto devemos ser cuidadosos com o tipo de emoções que estamos transmitindo. As nossas emoções atraem a atenção de seres de uma espécie semelhante. Se sentimos felicidade, atraímos mais felicidade. Se nos sentimos deprimidos, atraímos depressão.
Durante o período do Terceiro Sol os Aliados ficaram ansiosos para que os humanos produzissem emoções mais intensas, que eles, por sua vez, poderiam usar como alimento. Para atingirem suas próprias finalidades, eles pressionaram os humanos a ficarem cada vez mais divididos. Fizeram isso interferindo na perfeição da comunicação humana. A conseqüência foi a discórdia entre as nações.
Os Aliados invadem a mente humana durante o processo de domesticação pelo qual toda a criança passa. Eles impuseram um “Juiz” e uma “Vítima” à nossa consciência. Depois, a dúvida sobre nós mesmos destruiu a nossa comunicação interior.
Eles tentam insuflar uma sensação de injustiça. Que é como uma faca que fere a mente. Injustiça gera veneno emocional que é expressado como tristeza, inveja e medo. O machucado da mente ferida pode doer. Uma vez que a mente está ferida, ela gera mais veneno. Quando as outras pessoas “apertam na ferida” sentimos a dor. Isso gera mais emoções, que alimentam os Aliados.

Don Miguel Ruiz – “Alem do Medo”


Os feiticeiros do antigo México descobriram que possuímos um companheiro por toda a vida. Possuímos um Predador que veio das profundezas do cosmo, e assumiu o controle dos preceitos de nossa vida. Os seres humanos são seus prisioneiros. O predador é nosso senhor e mestre. Nos faz dóceis, indefesos. Se queremos protestar, ele suprime nossos protestos. Se queremos agir independentemente, exige que não o façamos.
Eles assumiram o controle porque somos alimentos para eles, e eles nos esmagam sem piedade porque somos seu sustento.
Os feiticeiros acreditam que os predadores nos deram nossos sistemas de crenças, nossas idéias do bem e do mal, nossos costumes sociais. Eles são os que causaram nossas esperanças e expectativas, e sonhos de sucesso ou fracasso. Nos deram ganância, avareza e covardia. São os predadores que nos tornam complacentes, rotineiros e egomaníacos. E são infinitamente e organizados para fazer isso.
Para poder nos manter obedientes, submissos e fracos, os predadores se envolvem numa estupenda manobra, estupenda, claro, do ponto de vista de um lutador estrategista. Uma manobra horrenda do ponto de vista daqueles que a sofrem. Eles nos deram suas mentes! Os predadores nos dão as mentes deles, que se tornam as nossas mentes. A mente dos predadores é barroca, contraditória, morosa, cheia de medo de ser descoberta a qualquer momento.
Através da mente, que afinal é a mente deles, os predadores injetam nas nossas vidas de seres humanos o que lhes é conveniente. E dessa maneira garantem um grau de segurança que age como um amortecedor contra o seu medo.
Os feiticeiros vêem bebês humanos como estranhas bolas luminosas de energia, cobertas de cima abaixo com uma capa brilhante, algo como um casaco de plástico que é ajustado e bem apertado sobre seu casulo de energia. E essa capa brilhante de consciência é o que os predadores consomem, e que quando o ser humano alcança a idade adulta, tudo que sobra daquela capa brilhante de consciência é uma franja estreita que vai do chão até acima dos dedos dos pés. Esta franja permite à humanidade continuar vivendo, mas apenas vivendo.
Os feiticeiros viram que o homem é a única espécie que tem a capa brilhante de consciência fora do casulo luminoso. Portanto, se tornou uma presa fácil para uma consciência de uma ordem diferente, tal como a consciência pesada de um predador.
Essa franja estreita de consciência é o epicentro da auto-reflexão, onde o homem está irremediavelmente preso. Ao jogar com nossa auto-reflexão, que é o único ponto de consciência que nos sobrou, os predadores criaram lampejos de consciência que eles passaram a consumir de forma implacável e predatória. Nos deram problemas fúteis que forçam esses lampejos de consciência a surgir, e dessa forma eles nos mantêm vivos em boa condição para que possam se alimentar com o lampejo energético de nossas pseudopreocupações.
Os feiticeiros do México antigo viram o predador. Chamaram-no de voador porque ele salta através do ar. Não é uma visão agradável. É uma enorme sombra, impenetravelmente escura, uma sombra preta, que pula através do ar. Então aterrissa plana no chão.
O que nós temos contra nós não é um simples predador. Ele é muito esperto e organizado. Segue um sistema metódico para nos tornar inúteis. O homem, o ser mágico que ele está destinado a ser, não é mais mágico. É um mero pedaço de carne. Não há mais sonhos para o homem, mas os sonhos de um animal que está sendo criado para se tornar um pedaço de carne: banal, convencional, imbecil.
“Esse predador - diz dom Juan -, que, claro, é um ser inorgânico, não nos é totalmente invisível, como são os outros seres inorgânicos. Acho que quando crianças o vemos e decidimos que isso é tão horroroso que não queremos pensar sobre isso. As crianças, claro, poderiam insistir em focalizar essa perspectiva, mas todos à sua volta as convencem de não fazê-lo.
“A única alternativa para a humanidade é a Disciplina.” Disciplina é o único meio de detê-lo. Mas por disciplina não quero dizer rotinas severas. Não quero dizer acordar cedo, às cinco e meia da manhã e ficar jogando água fria no rosto até se tornar azul. Os feiticeiros entendem por disciplina a capacidade de enfrentar com serenidade obstáculos que não estão incluídos nas nossas expectativas. Para eles, disciplina é uma arte: a arte de enfrentar o infinito sem titubear, não porque são fortes e resistentes, mas porque estão cheios de respeito e assombro.
Os feiticeiros dizem que a disciplina torna a capa brilhante da consciência não palatável ao voador. O resultado é que os predadores ficam desnorteados. Depois de ficarem desnorteados eles não tem alternativa a não ser deixar a sua tarefa abominável.
Se os predadores não comerem a nossa capa brilhante da consciência durante um período, ela continua crescendo. Simplificando essa questão ao extremo, posso dizer que os feiticeiros, por meio de sua disciplina, afastam os predadores por tempo suficiente para permitir que sua capa brilhante de consciência cresça além do nível dos seus dedos dos pés. Uma vez ultrapassado esse nível, ela cresce de novo até seu tamanho natural. Os feiticeiros do México antigo costumavam dizer que a capa de consciência é como uma árvore. Se não for podada, cresce até seu tamanho e volume naturais. À medida que a consciência atinge níveis mais altos do que o dos dedos dos pés, as manobras tremendas de percepção se tornam um fato natural.
O grande truque dos feiticeiros dos tempos antigos era carregar a mente dos voadores com disciplina. Descobriram que, se sobrecarregassem a mente dos voadores com silencio interior, a instalação forânea fugiria, dando a cada um dos praticantes envolvidos nessa manobra a certeza total da origem estrangeira da mente. A instalação forânea volta, mas não tão forte, e começa um processo no qual a fuga da mente dos voadores se torna rotina, até que um dia fogem para sempre. Com certeza um dia triste! Esse é o dia em que você deve confiar nos seus próprios recursos, que são quase zero. Não há ninguém para lhe dizer o que fazer. Não há nenhuma mente de origem estrangeira para ditar as imbecilidades a que você está acostumado.
“Os voadores são uma parte essencial do universo e devem ser tomados pelo que realmente são: assombrosos, monstruosos. São os meios pelos quais o universo nos testa.”
“Nós somos sondas energéticas criadas pelo universo, e é porque somos possuidores de energia que possui consciência que somos os meios pelo qual o universo se torna consciente de si mesmo. Os voadores são os desafiantes implacáveis. Não podem ser tomados como outra coisa. Se formos bem-sucedidos nisso, o universo nos permitirá continuar.

“Não tente espantá-los com a sua mão – disse dom Juan num tom firme – Intente que se afastem. Construa uma barreira de energia em volta de você. Fique em silêncio, e do seu silêncio a barreira será construída. Ninguém sabe como isso é feito. É uma dessas coisas que os antigos feiticeiros chamavam de fatos energéticos. Pare o seu diálogo interno. Isso é tudo de que se precisa.”

“A revolução dos feiticeiros é que eles se recusam a honrar acordos nos quais não participaram. Ninguém nunca me perguntou se eu consentiria em ser devorado por seres com um tipo diferente de consciência. Meus pais simplesmente me trouxeram para esse mundo para ser alimento, como eles mesmos, e esse é o fim da história.”

Carlos Castaneda – O Lado Ativo do Infinito

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